Foto de Clara e Marina
da novela Em Família.
A dupla original, Adão e Eva, que segundo a Bíblia, foram os pioneiros a sucumbir ao amor sexual, não podiam imaginar os caminhos que este sentimento tomaria ao longo da história. A Bíblia, usando metáforas, diz que foi a serpente quem tentou Eva, mas na verdade são os hormônios. Eles são os verdadeiros ditadores que determinam como devemos nos comportar e sempre fizeram do amor o caminho para unir as pessoas, independentemente do sexo igual ou diferente.
Mudaram os tempos, mudaram os homens e mulheres, mas o amor continua dominando tanto o consciente como o inconsciente de todas as pessoas.
O amor entre pessoas do mesmo sexo sempre existiu; os poderosos senhores gregos amavam os belos rapazes de Atenas e com eles construíam uma história afetiva e amorosa. A poetisa Safo, em seus belos poemas, expressou seu sentimento pelas lindas virgens que iniciava no amor. A liberação do corpo, dos usos e costumes, já eram parte do cotidiano dos deuses, semideuses, heróis, covardes e ninfas até do Olimpo.
Sexo grupal, lesbianismo, homossexualismo, adultérios, suingues, trocas de casais, além de outros atos amorosos derivados, inconscientemente ou não, sempre fizeram parte da vida humana.
Os gregos, que adoravam uma tragédia, faziam do amor um palco para representar a maioria das duplas amorosas olímpicas. Vênus, a deusa do amor, perdeu prematuramente seu querido Adônis, morto por um javali; por amor Orfeu decidiu descer aos inferno em busca da amada Eurídice; Édipo vivia apaixonado pela própria mãe, Jocasta, e da transa deles restou o complexo que leva seu nome e continua atormentando muita gente e levando-os aos psicanalistas; Helena (de Troia) se apaixonou por Páris fazendo com que seu marido traído, Menelau, promovesse a Guerra de Troia para resgatar a bela esposa e interromper suas férias conjugais. Já Ulisses, que participou ativamente da tal guerra, encontrou seu amor fiel na linda Penélope que, para livrar-se das investidas de inúmeros pretendentes durante a ausência de seu amado marido, tecia uma interminável tela e prometia a todos que escolheria um deles quando terminasse o trabalho. Ulisses, que todos já davam como morto na batalha, terminou voltando para os braços de sua fiel Penélope.
A história universal está cheia de amores e traições, mas o caso mais conhecido é o de Marco Antônio que saiu de Roma com a firme decisão de destruir Cleópatra e acabou sucumbindo ao amor pela bela rainha. Ao vê-la, Marco Antônio, foi tomado de súbita paixão, o que chamamos de amor à primeira vista, rendendo-se aos seus encantos; os mesmos encantos que haviam levado o poderoso Júlio César ao leito. Algumas mulheres tem de nascença o perigoso dom de levar homens à loucuras. O apaixonado Marco Antônio, em vez de lutar contra Cleópatra, aliou-se a ela usufruindo de todos os prazeres carnais a que tinha direito e perdendo a vida lutando contra os conterrâneos romanos. Sansão, que perdido de amor por Dalila, acabou despojado de suas melenas e de sua proverbial superpotência. Outro caso muito conhecido é o de Henrique VII, da Inglaterra. Ele fez par romântico com muitas mulheres e tinha como principal divertimento erótico decapitar suas parceiras. Também o Lord Nelson, muito popular na Inglaterra por ter vencido Napoleão Bonaparte, sucumbiu aos encantos da liberada viúva Lady Hamilton, Sir William Hamilton, não se incomodava com as diversões extraconjugais de sua bela esposa.
Amor, dinheiro, poder, traição e paixão sempre estiveram presentes na vida das pessoas.
Desenho de Romeo Zanchett
No século XIX, o frágil e romântico Frederic Chopin apaixonou-se perdidamente pela escritora feminista Amandine Aurore Dupin, que usava o codinome de George Sand. Além de admirável escritora, essa mulher quebrou várias barreiras na liberação das mulheres; não apenas adotou o nome, mas também diversas atitudes masculinas, como fumar charutos, usar calças compridas como as dos homens e dar opiniões que escandalizavam os moralistas. Ela e o famoso compositor, que era romântico e mais feminino, viveram juntos por nove anos e, apesar das violentas brigas, tiveram uma filha.
Foi o amor homossexual de Osca Wild e Lord Alfred Douglas que, na Inglaterra puritana de então, o levou para a cadeia; lá, naquela época, homossexualismo era crime. Na verdade, Oscar Wild era um grande exibicionista; adorava chamar a atenção, mas apaixonou-se mesmo pelo Lord e passou a se exibir com ele em todos os lugares; é evidente que seu objetivo era chocar a puritana e preconceituosa sociedade inglesa da época. Oscar sonhava ficar para a posteridade e o escândalo, nesse sentido, o ajudou. Foi o grande escândalo sexual do final do século. Um outro caso de amor homossexual que veio a público foi o do Rei da Bavária, Ludwig II, com o famoso compositor Wagner. O grande gênio da música teve muitos outros amores e nunca deixou a esposa, mas seu grande e rumoroso amor foi mesmo o jovem monarca, a quem protegia e ajudava financeiramente. Outro poeta e escritor famoso que seduziu um fiel marido foi Rimbaud. Ao chegar a Paris fez par romântico com o já consagrado Verlaine que era muito mais velho, casado e com filhos. Este largou a estabilidade do lar para viver uma alucinante ligação com Rimbaud, acabando por dar-lhe um tiro; não conseguiu matá-lo, mas o episódio serviu para acabar definitivamente a união amorosa. O mais bem sucedido amor entre duas mulheres foi da escritora Gertrud Stein e sua companheira Alice B. Toklas. Como um casal tradicional, viveram juntas a vida inteira. A relação entre elas é um exemplo de amor e fidelidade absolutas. Nos Estados Unidos, onde nasceu Gertrud, sua relação era vista com preconceito e então mudou-se para Paris, onde assumiu sua gordura e seu lesbianismo; costumava dar festas memoráveis, cujos frequentadores eram a fina flor da intelectualidade da época, como Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerard. Em Paris, as duas viveram como gostavam e foram felizes até a morte.
No século XX, muitos casos escandalosos abalaram o mundo. O mais romântico é talvez o do casal Duque e Duquesa de Windsor, Rei Eduardo VII da Inglaterra. O cupido flechou o Rei quando este avistou a norte-americana divorciada Wallis Simpson, mulher comum e pouco atraente. Contra tudo e contra todos, Eduardo abdicou do trono para unir-se à sua bem-amada. O amor é cego e parece que o Rei levou mesmo a sério as palavras do seu antepassado Ricardo II, que disse durante a guerra que trocaria seu reino por um cavalo. O importante é que tudo deu certo e o amor, como num conto de fadas, foi invencível e viveram felizes para sempre.
O amor mostra seu poder na política e na vida. Na Argentina tivemos a inesquecível Evita. Uma obscura atriz que despertou grande paixão em Peron, político que chegou ao poder pela democracia e implantou uma ditadura na Argentina. Ele se tornou um mito e inclusive motivou a realização de um musical na Broadway.
O dinheiro sempre despertou a admiração e amor nas mulheres. O armador grego e multimilionário Onassis, após um contrato pré-nupcial, uniu-se pelos laços do matrimônio com a ex primeira dama norte-americana Jacqueline Kennedy. No entanto, o verdadeiro amor de Onassis sempre foi a cantora e diva mundial Maria Callas, com quem, mesmo já casado com Jacqueline, manteve aceso um rumoroso relacionamento.
A via continua e o amor, dominado pelos hormônios de cada um, sempre estará acima de qualquer julgamento. É o sentimento mais forte que podemos ter e, por isso, merece todo o respeito.
Nicéas Romeo Zanchett
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