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sexta-feira, 11 de julho de 2014

CASAMENTO NA TERCEIRA IDADE

CASAMENTO NA TERCEIRA IDADE 
Por Nicéas Romeo Zanchett 
                    
                  Para amar e ser amado não existe idade. A terceira idade, também chamada de melhor idade, trás uma sensação de bem estar, de dever cumprido. É uma fase muito rica e merece ser vivida com toda a intensidade. 
                  Tanto a mulher quanto o homem na terceira idade podem ter uma vida amorosa e sexual até mais intensa que nos anos anteriores. Os filhos já estão liberados, as questões econômicas, salvo algumas exceções, já estão estabilizados e a vida continua. Principalmente para as mulheres, que por muito tempo permaneceram em casa cuidando dos filhos - Algumas até fizeram dupla jornada, trabalhando fora para complementar o orçamento familiar - , é chegada a hora de abusar das experiências de vida acumuladas ao lingo dos anos e permitir-se viver intensamente o novo momento. 
                  Devido à mudanças fisiológicas, muitos idosos perdem o interesse pelo sexo e a chegada de um novo amor é garantia de espantar a solidão e reviver bons momentos felizes do passado. Os fatores constitucionais e genéticos ou vínculos familiares e sociais contribuem para a boa qualidade de vida. 
                   Nas sociedades modernas, os casamentos tendem a acontecer cada vez mais tarde. Existe grande preocupação de primeiro realizar-se economicamente para depois pensar em casamento. Mas também os índices de divórcio tendem a crescer antes dos 50 anos e também na terceira idade. 
                   É na terceira idade que mais podemos verificar a síndrome do ninho abandonado. Os filhos já atingiram a adolescência ou se casaram e tiveram, por sua vez, seus filhos depois de deixarem a casa dos pais. É justamente este sentimento de abandono ou separação dolorosa que provoca a busca de um novo amor. É muito comum que nesta fase aconteça relações extraconjugais, conflito ou estados depressivos, que acabam levando à separação do casal. 
                   Nós, seres humanos, nascemos para viver juntos e este é um condicionamento biopsicossocial. A nossa sociedade sempre buscou fórmulas para regulamentar e facilitar a vida dos casais. Havendo um acordo prévio quanto ao regime da união, principalmente em relação às responsabilidades financeiras, é possível enfrentar a separação sem muita dor e sem maiores complicações. 
                 É interessante observar que um número crescente de homens e mulheres separados preferem namorar a se casar. A principal causa é a eventual convivência com filhos dos casamentos anteriores ou as diferenças individuais de cada um. Na idade madura, onde hábitos particulares estão muito arraigados, se torna difícil viver juntos, sobre o mesmo teto. Freud dizia que um segundo casamento tem possibilidades de trazer mais felicidade do que o primeiro porque os cônjuges estão mais tolerantes. Mas cada um tem, digamos, suas manias pessoais que nem sempre são compreendidos ou toleradas pelo outro. Nesses casos é importante que cada um viva no seu próprio apartamento ou casa, e se encontrem como eternos namorados. Isso facilita àqueles momentos em que se prefere ficar sozinho. 
                   Entretanto,  a psicanálise, através da experiência clínica adquirida ao longo do tempo, nos ensina que um novo casamento leva a uma melhor qualidade de vida e permite um relacionamento mais profundo do casal do que quando existe apenas o namoro.  O simples namoro dificulta a convivência mais demorada e descontraída, devido aos encontros e separações reiteradas.  Na questão sexual, as trocas libidinosas e a comunicação de sentimentos inconscientes é mais saudável e trás maior estabilidade aos casais que vivem juntos. Uma boa opção é dormir em quartos separados. É uma forma de manter certa individualidade e evitar os conflitos, comuns entre casais que não tem essa possibilidade.  

                   Outra questão é o casamento entre pessoas com grande diferença de idade. A sociedade sempre tolerou que um senhor na terceira idade possa se casar com uma jovem, mas cria obstáculos quando é uma senhora da terceira idade e um jovem rapaz.  Sempre surgem aquelas piadinhas de mau gosto, dando a entender que é apenas interesse financeiro por parte do mais jovem. Mas é fundamental não dar valor exagerado a esses comentários preconceituosos. Afinal, o importante é que cada um busque a sua felicidade. 
                    Em relação à cultura ocidental, provém de Platão as duas linhas principais de conceituação do amor e do sexo. A primeira faz da espiritualidade sua meta e propõe a sublimação dos impulsos físicos; a segunda exalta a sensualidade e sensibilidade como válidas em si e por si mesmas. Na verdade, são duas faces do mesmo Eros, que o ocidente frequentemente contrapõe, às vezes antagoniza e ora procura conciliar e combinar. Mesmo não encontrando uma conceituação precisa para esse sentimento, quem prova concorda com o filósofo Pascoal: "o coração tem razões que a razão não conhece". 

                   Em nossos dias o universo do amor e do sexo se revoluciona, se desnuda, se questiona e se amplia cada vez mais rapidamente. São profundas e generalizadas mudanças sociais, econômicas e culturais do momento, além da acelerada corrosão de valores pré-estabelecidos e até preconceituosos. 
                   Do ponto de vista puramente físico, já caiu por terra o tabu de que uma pessoa jovem não possa amar e até se apaixonar por alguém com muito mais idade.  Por trás disso há muito mais do que liberdade sexual. A verdade é que os jovens de hoje estão com "outra cabeça". São mais abertos e espontâneos; não entram em competição com a parceira e as relações são baseadas em trocas de vivência, independente dos sentimentos; estão com mais capacidade de entregar-se e sem medo de perder ou criar laços indesejáveis. 
Nicéas Romeo Zanchett

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